Não quero acreditar

"Se resistimos às nossas paixões, é mais pela fraqueza delas que pela nossa força." La Rochefoucauld

A paixão está lá, é porque está correcto! Certo?

É assim que pensamos, quando estamos apaixonadas/os. Num curto espaço de tempo, várias pessoas confidenciaram-me que por paixão, atreveram-se ou a acabar com relações duradouras ou a agir de uma forma que nunca considerariam possível. Até que ponto a paixão exerce esta capacidade em nós de destruir compromissos funcionais e estáveis? Até que ponto a paixão leva-nos a comprometermo-nos com os nossos princípios e valores?

Sabemos que a paixão é normalmente arrebatadora, o nosso corpo deixa de funcionar sob o nosso comando, o outro é o centro do mundo e nós ficamos sempre em último lugar! Só queremos dar o melhor, e isso nunca é suficiente. Mas o que tenho constatado é que em muitas destas relações que me falaram, há um desiquilíbrio enorme entre o apaixonado e o que faz apaixonar, ou por outra, aquele que não abdicou ou abdica de nada em prol do bem estar do outro. Este desiquilibrio é verdadeiramente devastador, aquilo que a paixão naturalmente já diminui é reforçado ainda mais. Até que ponto somos capazes de nos afastarmos deste tipo de relações, ou de criarmos imunidade a este tipo de situações? Por outro lado, coloco a questão, não seremos também responsáveis por quem aliciamos?

Todos nós gostamos de desafios e sem dúvida que a paixão é um grande desafio, a sedução é um jogo cativante e faz-nos sobressair em muitas situações, para além de aumentar a nossa libido e sensação de poder relativamente aos outros. Mas será isto que nós realmente procuramos? Valerá mesmo a pena, destruir relações sólidas e duradouras e por em causa valores?

A paixão está lá, é porque está correcto! Certo? Tenho muitas dúvidas, cada vez mais...